O respeito pelo educando na conquista pela autonomia

Inspirado na pedagogia de Paulo Freire, o Comitê para Democratização da Informática (CPDI) trabalha com uma Proposta Político Pedagogia voltada para a educação que visa ao mesmo tempo criticidade, conscientização e transformação da sociedade.

Assim, acreditando nas ideias pedagógicas de Freire, que mostra ser possível sonhar e mudar a realidade, o CPDI enquanto instituição busca promover a apropriação social da tecnologia por diversos públicos, estimulando-os ao pensamento crítico, à ação empreendedora e favorecendo a participação social para o desenvolvimento das pessoas e comunidades

Princípios fundamentais de Paulo Freire

A fim de ilustrar melhor a linha adotada pelo Comitê, listamos, abaixo, 5 princípios fundamentais de Paulo Freire que são utilizados pelo CPDI como elementos chaves para direcionar a construção de uma nova realidade social. São eles:

A não neutralidade da educação e seu caráter político

“Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção na realidade”. (FREIRE, 2000, p. 86).

Assim como Freire, o CPDI acredita que a educação não é neutra, pois contém uma intencionalidade. Dessa forma, quando os parceiros são acolhidos, quando decisões são tomadas sobre o público que será atendido, quando escolhas são feitas para esta ou outra metodologia de trabalho, a instituição tem um objetivo, e neste está contido a intencionalidade. Assim, nenhuma proposta de educação é neutra. Ela é consciente, é um ato político, um ato de vontade.

A educação como ação problematizadora e emancipadora

“A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação não pode fundar-se numa compreensão dos homens como seres ‘vazios’ a quem o mundo ‘encha’ de conteúdo; não pode basear-se numa consciência especializada, mecanicista compartimentada, mas nos homens como “corpos conscientes” e na consciência intencionada ao mundo. Não pode ser a do depósito de conteúdo, mas a da problematização dos homens em relação com o mundo”. (FREIRE, 1987, p. 67).

Nesse sentido, o CPDI acredita na formação de sujeitos ativos que buscam, com a educação problematizadora, promover uma análise crítica sobre a realidade. Por fim, por meio do diálogo, professores e alunos levantam juntos os “por quês” de as coisas serem assim e não de outro jeito, permitindo questionar e investigar, inclusive, por que existem relações desiguais em nossa sociedade.

Assim, levamos o sujeito a descobrir por si a razão de ser, saindo da superficialidade dos fatos para encontrar as causas e os efeitos reais dos acontecimentos, permitindo que ele pense, fale e decida. Do mesmo modo, que levante hipóteses, que busque soluções e que proponha uma ação transformadora.

O caráter dialógico e horizontal da educação

“A educação autêntica, repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vistas sobre ele”. (FREIRE, 1987, p. 84)

No CPDI, entende-se que o diálogo é o motor da educação problematizadora, um caminho para a ação transformadora, pois a partir do conhecimento de cada um (que se reconhece como não ser mais ou menos importante) as pessoas constroem seu conhecimento.

Dessa forma, podemos observar que é no diálogo que as pessoas geralmente se encontram em um processo de troca, onde se concretiza a educação democrática. Assim, esta troca é composta por pontos de vista diferentes, resultantes de histórias de vidas distintas. E compõe uma relação horizontal, na qual não existe o dono da verdade, mas sujeitos envolvidos em um processo de busca do conhecimento, em que é possível superar a contradição posta entre o opressor e o oprimido, estabelecida pela relação vertical entre professor e aluno, a qual nega o diálogo.

Para que esse diálogo exista verdadeiramente, é preciso que os sujeitos reconheçam a importância do conhecimento que cada um traz. E ainda, é preciso ouvir, porque ouvir permite conhecer e reconhecer no outro as diferenças existentes entre nós e, independentemente disso, perceber que possuímos papéis e funções que precisam ser respeitados. 

A não neutralidade das tecnologias

“Eu não sou contra a informática, não sou contra o uso dos computadores. Já disse que faço questão de ser um homem do meu tempo. O problema é saber a serviço de quem, e de quê. O que é que há por trás desse manuseio? Por isso é que eu digo que a crítica a isso não é uma crítica técnica, mas política”. (GADOTTI, 2001, p. 90)

Certamente, um dos desafios, que hoje se apresenta aos professores, refere-se à capacidade de promover ações educativas que não objetivem somente treinar operadores de máquinas, mas que busquem preparar os alunos para o uso social, crítico e criativo da informática.

Desse modo, uma prática pedagógica desta natureza pressupõe que: “educador e educandos, cointencionados à realidade, se encontrem numa tarefa em que ambos são sujeitos no ato, não só de desvelá-la e, assim, criticamente conhecê-la, mas também no de recriar este conhecimento” (FREIRE, 1987, p. 84), sabendo e acreditando que “não são as técnicas, mas sim a conjugação de homens e instrumentos o que transforma uma sociedade” (FREIRE, 1977, p. 56).

O método dialético, como pronúncia no mundo

 “Existir humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles um novo pronunciar”. (FREIRE, 1987, p. 78).

Contudo, com a consciência de que o mundo se encontra em constante mudança, entende-se que tudo se relaciona e tudo se transforma. E, por isso, a dialética do CPDI implica em uma análise objetiva e crítica da realidade com objetivo de conhecer, investigar e agir para transformar.

Assim, no exercício da investigação, fruto do diálogo entre as pessoas e sua realidade, o aluno se descobre em uma situação real. Dessa forma, descobrir a sua realidade é o primeiro passo para pronunciar-se, expressar-se. Sendo assim, do mergulho inicial na situação-problema vivida e descoberta, o aluno se modifica e se percebe em um contexto histórico. E como tal, nesse ínterim, se vê agente de mudança, um ser engajado na busca de alternativas para melhoria da qualidade de vida.

Então, se você gostou desse artigo e quer conhecer melhor a Proposta Político Pedagógico do CPDI, acesse cpdi.org.br/o-que-fazemos/ e conheça melhor nossas ideias.

Deixe seu comentário

Atenção: Os comentários abaixo são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores e não representam, necessariamente, a opinião da CPDI

Fale Conosco pelo WhatsApp