Nas Cidades Rurais não se anda mais de Fusca

Nas Cidades Rurais não se anda mais de Fusca

*Heitor Blum S. Thiago – Diretor Executivo do CPDI

Foi-se o tempo em que as cidades e vilas rurais eram desprovidas de recursos sofisticados. Não falo dos grandes produtores rurais, mas de uma imensa maioria constituída por pequenos produtores. Minhas considerações resultam das experiências que obtive coordenando, pelo CPDI – Comitê para Democratização da Informática, um programa de formação em tecnologias da informação e comunicação denominado Projeto Escola Rural. Projeto este destinado aos jovens de áreas rurais.

Iniciado em 2012, o programa já beneficiou mais de 3.000 jovens em diversas regiões de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Inicialmente, quando lá chegávamos, a maioria dos jovens sequer conhecia um computador. Realizamos parcerias com Escolas Municipais e Estaduais e com Escolas Familiares Rurais que possuem cursospara formação de técnicos agrícolas. A primeira providência era instalar um laboratório completo nas escolas, com computadores, internet e programas de apoio (softwares).

Nos primórdios do projeto ensinávamos somente as ferramentas básicas de computação: Windows, Word, Excel, Power Point e Internet. Os conteúdos aprendidos da informática eram aplicados nas demais disciplinas do currículo escolar.Isso proporcionou aos alunos um maior controle das atividades nas propriedades rurais: cálculo dos custos de produção, controle dos estoques de insumos, consulta aos preços praticados no mercado, comunicação com clientes e fornecedores.

Cabe ressaltar que uma das grandes dificuldades dos empresários familiares no Brasil consiste na gestão financeira de seu negócio. Sem esse controle, fica difícil organizar as finanças e mensurar os resultados do trabalho. Nas empresas rurais não é diferente. Geralmente, bastante atarefados com as atividades do dia a dia, a gestão acaba ficando em segundo plano.

A chegada da Internet associada à adoção de tecnologias (drones, bigdata, GPS agrícola, sensores, softwares para gerenciamento agrícola) e a profissionalização das atividades na agricultura familiar são responsáveis pela sobrevivência deste formato produtivo,bem como pela melhoria do abastecimento e consequentemente da economia do país. Os avanços na gestão das pequenas e médias propriedades rurais, possíveis especialmente com a implementação de estratégias de gerenciamento, criação de processos produtivos e a automação dos controles de gestão da propriedade rural, elevaram a agricultura familiar ao posto de responsável por70% de todo alimento que vai à mesa do brasileiro e por 38% do PIB Agropecuário do país, segundo a Embrapa. Porém, ainda que se fale bastante sobre gestão da propriedade rural,para a maioria dos pequenos e médiosprodutores rurais a criação e automação desses controles ainda não é algo tão simples.

Com o passar do tempo os alunos do Projeto Escola Rural passaram a usar smartphones. Novos horizontes se abriam, proporcionando a eles a possibilidade de conhecer e utilizar aplicativos que permitem agilizar as comunicações com clientes e fornecedores. Atividades simples como a substituição de uma peça defeituosa num trator podem ser resolvidas com uma mensagem Whatsapp para o fornecedor que leva a peça até o produtor rural.

O Projeto Escola Rural tem o patrocínio da Philip Morris que desenvolve um programa de responsabilidade social beneficiando filhos de produtores rurais. O objetivo do projeto é proporcionar aos jovens produtores rurais melhores condições para transformar as propriedades em um negócio lucrativo e auto-sustentável.

Em 2020, O Projeto Escola Rural formou 500 jovens, futuros empreendedores do campo.

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