*Por Cleusa Kreusch

A inclusão digital é um tema crucial nos dias de hoje, especialmente considerando o papel central da tecnologia em nossas vidas. Ela é fundamental para garantir que todos tenham acesso igualitário às oportunidades digitais. A impressão é que todas as pessoas têm acesso ilimitado ao mundo digital, mas é uma visão que não condiz com a realidade.

Trabalhando em cursos que visam a inclusão ao mundo digital, percebi que isso ainda é uma utopia, visto que os que tem o acesso a equipamentos e uma internet de qualidade nem sempre tem habilidades técnicas às ferramentas necessárias para falar que está incluído digitalmente. Não se trata apenas de acesso físico, mas também de alfabetização digital. Muitas pessoas precisam de treinamento para usar efetivamente a tecnologia. Usar redes sociais não significa que você está incluído digitalmente.

29 milhões de brasileiros não tiveram acesso à internet no ano de 2023. Os dados são da pesquisa TIC Domicílios 2023 (Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros), elaborada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. 

A exclusão digital está intimamente ligada a outras formas de desigualdade, como renda, educação e gênero. Ela cria uma lacuna de oportunidades entre aqueles que têm acesso à tecnologia e aqueles que não têm. Pessoas excluídas digitalmente enfrentam dificuldades em encontrar emprego, acessar serviços públicos, obter educação e participar plenamente da economia.

Além disto, nem todos têm acesso a computadores, tablets ou smartphones. A falta de equipamentos adequados é um obstáculo significativo para a inclusão digital. Mesmo quando os dispositivos estão disponíveis, o alto custo pode ser uma barreira para muitas pessoas.

A infraestrutura de internet é desigual em diferentes regiões. Áreas rurais e remotas frequentemente enfrentam dificuldades na conectividade. Mesmo onde a internet está disponível, a velocidade e a qualidade da conexão podem variar. Isso afeta a capacidade de acessar informações e serviços online. Até mesmo o preço dos planos de internet pode ser proibitivo para muitas pessoas, especialmente em países ou comunidades com desigualdade socioeconômica. 

Além disto, a exclusão tem um impacto significativo na sociedade, afetando diversos aspectos da vida das pessoas. Pessoas excluídas digitalmente podem não ter acesso a notícias, pesquisas acadêmicas, tutoriais e outros conteúdos relevantes. A internet é uma fonte vital de informações e conhecimento.

A exclusão digital pode levar ao isolamento social, especialmente em comunidades mais velhas ou rurais. A falta de acesso a redes sociais, mensagens e chamadas de vídeo pode afetar negativamente as relações interpessoais. Pode levar a uma democracia incompleta, onde alguns cidadãos têm voz e outros não.  

Sem falar que limita o potencial econômico de indivíduos e comunidades. Ela afeta o crescimento econômico, visto que é a inclusão que impulsiona inovação, empreendedorismo e produtividade.

Até na saúde, a exclusão digital causa impacto negativo. A falta de conhecimento limita o acesso à agendamento de consultas, informações sobre doenças e prevenção são facilitados pela inclusão digital. Pessoas excluídas digitalmente podem ter dificuldade em acessar esses serviços, o que afeta sua saúde e bem-estar.

Em resumo, a exclusão digital não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão de justiça social. Sendo assim, o trabalho do CPDI é essencial para que mais pessoas possam através dos cursos, não somente aprender as ferramentas digitais, mas sim saber como utilizá-las para de fato transformar sua realidade e da comunidade em que estão inseridas, ou seja, para que além da inclusão elas possam se empoderar digitalmente.

(*) Cleusa Kreusch é Psicopedagoga, Gestora Ambiental e Coordenadora Pedagógica do CPDI